Um olhar sobre os 472 anos de Salvador
Foto: Felipe Dias | Fonte: Unsplash
Em 29 de março do ano de 1549, exatamente há 472 anos, a esquadra de Tomé de Souza aportava numa praia tranquila, o atual Porto da Barra, onde já existia a povoação do Pereira (Sesmaria, Povoação e Fortaleza de Francisco Pereira Coutinho, primeiro donatário da Bahia, de 1536). Trazendo já, os planos de uma cidade fortaleza, projetada pelo Arquiteto português Miguel de Arruda. Foi escolhido um ponto no alto de uma escarpa sobre com o mar da baia, visualizar as embarcações que chegassem, tendo vales e rios nos demais lados, fechando
a segurança da cidade fortaleza.
Estava fundada a cidade chamada de São Salvador da Bahia de Todos os Santos, fazendo ainda referência à baía na qual está situada, que foi encontrada por Américo Vespúcio em 1501, no Dia de Todos os Santos, também dando o
nome à capitania, à província e ao estado federado do qual é a capital. Hoje uma cidade com 3 957 123 habitantes em 2020. Com graves problemas estruturais e estruturantes, devido as gestões desastrosas, sem um planejamento adequado, desde a década de oitenta do século passado, quando nesta época, em trinta anos mais que triplicou sua população de 1950 (417.235 hab).
Contudo, Salvador devida a sua topografia privilegiada, com suas peculiares cumeadas e vales, completada com a esplêndida escarpa, devido um deslizamento geológico, se mantem firme com sua exuberante plasticidade
natural, apesar das diversas investidas descuidadas por decisões políticas, técnicas, aliada a uma permissível e um inadequado uso do solo, como puro negócio, não respeitando a morfologia e flora. Todavia resiste. E, continua
encantando ainda aos seus habitantes, e, também, aos seus visitantes
O Município de Salvador, assim como o Estado da Bahia devem estimular gestões participativas, que contem com a sociedade civil organizada nas discussões e definições de soluções. É necessário que se mantenha o cumprimento de necessidades básicas e, assim, não resulte descontinuada as ações de políticas públicas. É preciso, finalmente, distinguir o que se constitui ação de governo e ação de estado e passar a direcionar esforços na construção de ações de estado. A democracia participativa é instrumento de evolução, de crescimento, de fomento das consciências, que através da cogestão permita direcionar os esforços para uma sociedade mais justa.
As soluções urbanas da nossa Cidade de Salvador, que hoje aniversaria, requerem discussões técnicas amplas, considerando as especificidades locais, inclusive culturais. Há que se harmonizar os avanços que se impõem, a exemplo do Metrô, do BRT e agora, o VLT, com o imagético da Cidade de Salvador, preservando o histórico cultural da Cidade, a sua cultura, suas raízes, sua arquitetura, para que a Cidade de Salvador não se transforme em ambiência pasteurizada.
O Conselho de Arquitetura e Urbanismo da Bahia – CAU/BA, na gestão iniciada em 1º de janeiro de 2021, e por deliberação de Plenário, identifica como ponto de fundamental importância a abordagem em questões que envolvem as Cidades, em especial, a Cidade de Salvador. Desta forma, e como consequência, buscará dialogar e, igualmente, manifestar posicionamentos institucionais direcionados a matérias relacionadas às Cidades, ao direito à Cidade e ao bom planejamento técnico, que observe e associe, não apenas ferramentas disponíveis, sem considerar o contexto histórico, cultural e social da Cidade e de seu povo, e assim possamos, enquanto instituição e sob a perspectiva da Arquitetura, colaborar para direcionar esforços voltados à inclusão, à participação, resgatando, portanto, a Salvador como Cidade da Baía, aos seus encantos, cores, cheiros, sabores, com sua história e seus patrimônios material e imaterial, que todos sentem e se deslumbram ao circular pelas suas quebradas centenárias, ou pelas suas ruas e avenidas recentes, numa mistura de épocas, sem perder sua identidade, continuando a ser única, não mais uma cidade qualquer, deste mundo afora.
PARABÉNS, SALVADOR!
Fonte: CAU/BA
Publicado em 29 de março de 2021